domingo, 11 de outubro de 2015

Cunha e Dilma: separados pelo impeachment, unidos pela crise

Postado por: C. Cassins F: Gazeta do povo.
Eduardo Cunha, desafeto de Dilma Rousseff, tem o poder de iniciar o processo de impeachment. Mas a base da petista é essencial para dar andamento ao pedido de cassação do deputado. Às vésperas da campanha de 2014, Eduardo Cunha começou a fazer mais barulho como líder do PMDB na Câmara dos Deputados do que a oposição. O estilo de fazer política e os traços físicos renderam a ele um apelido no círculo íntimo da presidente Dilma Rousseff – “Meu Malvado Favorito”. Passado quase um ano das eleições, o jogo de gato e rato entre Cunha e Dilma chega ao clímax com riscos fatais para ambos.
Está nas mãos do presidente da Câmara iniciar o processo que pode levar ao impeachment da petista. Por outro lado, o PT e o resto da base governista que ainda dialoga com o Planalto são decisivos para o andamento da denúncia por quebra de decoro que pode desencadear a cassação do mandato do peemedebista. O duelo de nervos chega a um desfecho nesta semana.
Ele [Eduardo Cunha] não tem mais esse poder todo. A solução é ir para o plenário, brigar pelo máximo de quórum e conseguir os 257 votos para impedir esse absurdo [a abertura do processo de impeachment].
Ênio Verri (PT-PR), deputado.
Em acordo com os três principais partidos da oposição (PSDB, DEM e PPS), Cunha sinaliza que vai arquivar na terça-feira (13) o pedido de impeachment feito pelo advogado e ex-petista Hélio Bicudo e assinado recentemente pelo ex-ministro da Justiça da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Miguel Reale Júnior. Dentre outros argumentos, a denúncia por crime de responsabilidade cita as “pedaladas fiscais” (uso indevido de recursos de bancos públicos para cobrir despesas de programas do governo), condenadas por unanimidade pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
No mesmo dia, a bancada do PT tem reunião para discutir a situação de Cunha, acuado pelas denúncias de que possui pelo menos US$ 2,4 milhões em contas na Suíça. “Olha, nós estamos diante de tantos problemas com as contas rejeitadas, a votação dos vetos e da aprovação do pacote fiscal, que não dá para dizer que o Eduardo seja exatamente nossa prioridade”, diz o deputado e presidente do PT no Paraná, Ênio Verri. Na prática, porém, os petistas começam a fazer as contas de que pode ser melhor encarar votações sobre o impeachment com Cunha desgastado no comando da Casa do que deixar para depois.

“A Câmara não é clínica de recuperação para investigado, não tem como segurar as pontas de alguém com problemas éticos por muito tempo. Pela minha experiência nessas duas últimas décadas por aqui, os dois [Cunha e Dilma] são cartas fora do baralho, é uma questão de tempo”, avalia Hauly, que assim como Bueno também votou pelo afastamento de Collor, em 1992. Até o momento, no entanto, a oposição tem agido como refém de Cunha, já que se ele não cumprir a promessa de rejeitar o pedido de Bicudo e Reale, o processo não começa.

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