Denúncia não é condenação. É
natural, razoável, e mesmo desejável, que o presidente Michel Temer se defenda
das acusações apresentadas contra ele pela Procuradoria Geral da República
(PGR). É o que se espera de quem se diz acusado injustamente. Em vez disso, sua
atitude tem a cada dia dado mais provas de desespero, de apego ao cargo antes
de tudo.
Temer pode até ser inocente. Mas reagiu como culpado. Suponha, por um instante, que ele tenha razão e, como disse no pronunciamento de ontem, a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) seja “uma ficção”. Suponha que não haja nada nela além das tais “ilações”. Pois caberia a ele apontá-las. Não foi o que fez.
Temer pode até ser inocente. Mas reagiu como culpado. Suponha, por um instante, que ele tenha razão e, como disse no pronunciamento de ontem, a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) seja “uma ficção”. Suponha que não haja nada nela além das tais “ilações”. Pois caberia a ele apontá-las. Não foi o que fez.
Em vez disso, preferiu usar um artifício mambembe da retórica, a falácia conhecida como “tu quoque” (você também). É a velha reação da criança que, flagrada numa traquinagem, aponta o dedo para outra. Sem apresentar prova alguma, insinuou que o procurador-geral Rodrigo Janot recebeu propina da JBS, por intermédio do ex-procurador Marcelo Miller, hoje num escritório de advocacia que representou o grupo empresarial.
As “ilações” de seu
pronunciamento, a nota desesperada do Planalto depois da entrevista de Joesley
e suas evasivas diante dos fatos em nada ajudam sua situação política. O apoio
que desfruta entre os deputados hoje basta para reunir os 172 votos de que precisa
para evitar se tornar réu. Mas pode se revelar efêmero. A resistência cresce
tanto no PSDB quanto no próprio PMDB. Se a denúncia contra Temer for aceita,
ele não terá outro a quem apontar o dedo além de si mesmo. Por Hélio Gurovitz
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