sábado, 13 de maio de 2017

Cronica leitura de domingo. "Da forma de mandonismo ao poder".

A mala com meus pertences estava pesada, não por excesso de bagagem… mas consegui leva-la até a porta. Abri, e sem nenhum adeus ou remorso, parti.
Parti porque ali  a dor doía todos os dias… Parti porque no trabalho eu desconhecia instantes de felicidade a que todos os humanos têm direito… Parti porque tinha de ir; minha terra minha cidade  tinha e tem gosto de coronelismo, gosto de servidão… Parti porque todos os dias eram paridos escravos e capachos.
E eu não concordava, nunca concordei… Eu sofria por algo que não entendia, ou não queria entender,  mas que doía – Minha cidade bonita, de gente hospitaleira de bons  serviçais, mas há também os súditos de minúsculos e ignorantes “deuses.”
Voltei a minha vida, porque com estresse todos nós adoecemos. Voltei para sepultar o tempo perdido e os poucos meus que restaram… Voltei para ver que os coronéis, apesar de serem outros tempos, ainda habitam nossa  cidade – em Califórnia os vassalos possuem novos rostos, mas dão continuidade ao passado. Voltei para enxergar que o cenário, mesmo não sendo o de antes, continuava sendo habitado pelo continuísmo imoral.
Não podemos retornar ao passado. O tempo nos faz adoecer e cava a nossa sepultura. Mas devemos transitar entre a indignação e a observação. Fico olhando de longe a terrícola nem tão antiga, tão sem profundidade, tão rasa e por isso tão cheia de escravos, de capachos… de ínfimo coronel!
Só para lembrar: Coronelismo é um brasileirismo usado para definir a complexa estrutura de poder que tem início no plano municipal, exercido com hipertrofia privada  – a figura do coronel  – sobre o poder público  – o Estado  –, e tendo como caracteres secundários o mandonismo, o filhotismo (ou apadrinhamento), a fraude eleitoral e a desorganização dos serviços públicos .

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